Espondilodiscopatia degenerativa: o MAL DA COLUNA
- Dr. Herberton Araújo - Fisioterapeuta

- há 19 minutos
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O que é Espondilodiscopatia degenerativa (definição)
Espondilodiscopatia degenerativa é o termo usado para descrever o conjunto de alterações degenerativas que afetam os discos intervertebrais e as estruturas vertebrais adjacentes (corpos vertebrais, articulações interapofisárias e ligamentos). Na prática clínica refere-se ao processo de desgaste da coluna que pode provocar dor axial, limitação de movimento e, em alguns casos, dor radicular por compressão de raízes nervosas.

Como e por que isso acontece (fisiopatologia — resumo)
O disco intervertebral perde água e matriz proteico-glicana com a idade e por fatores mecânicos ou biológicos. Essa perda de hidratação e de integridade da matriz provoca fissuras no anel fibroso, diminuição da altura discal, alteração da distribuição de cargas e sobrecarga das articulações zigoapofisárias. Inflamação local e produção de mediadores pró-inflamatórios contribuem para a dor. Fatores genéticos, tabagismo, obesidade, sobrecarga mecânica e lesões prévias aceleram o processo. Nem todo disco degenerado é doloroso — a relação entre imagem e dor nem sempre é direta.
Quem é afetado (epidemiologia / quadro clínico)
A degeneração discal é comum e sua prevalência aumenta com a idade; contudo, sintomas não ocorrem em todos. A manifestação clínica varia desde dor lombar ou cervical intermitente até dor crônica com limitação funcional e episódios de dor irradiada (ciatalgia, cervicobraquialgia) quando há compressão de raízes. A intensidade e o impacto funcional dependem de múltiplos fatores: nível e grau de degeneração, presença de protrusão ou hérnia, inflamação perineural e fatores psicossociais.
Quais são os sinais e sintomas mais frequentes
Dor axial local (lombar ou cervical), frequentemente pior após esforço ou permanência em pé/sentado.
Rigidez matinal ou após inatividade.
Irradiação para membro inferior ou superior (se houver compressão radicular).
Dificuldade para exercícios ou atividades que exigem flexão/extensão repetida.
Em quadros mais severos, perda sensorial, fraqueza ou alterações esfíncterianas (raras — requerem avaliação urgente).
Como é feito o diagnóstico?
Avaliação clínica detalhada — anamnese e exame físico (força, sensibilidade, reflexos, teste de tensão neural e avaliação da marcha/postura).
Imagem — a ressonância magnética (RM) é o exame de escolha para caracterizar degeneração discal, protrusões e comprometimento radicular; radiografia simples mostra perda de altura discal e osteófitos, mas tem limitações para avaliar o disco. Importante: resultados por imagem devem ser correlacionados com o quadro clínico.
Tratamento — abordagem baseada em evidência
1. Princípio geral
A conduta começa conservadora sempre que possível. A maioria dos pacientes responde a tratamento não cirúrgico combinando educação, exercício terapêutico, controle da dor e modificação de fatores de risco. Intervenções invasivas (infiltrações, cirurgia) são reservadas para casos selecionados (déficit neurológico progressivo, dor intratável apesar de tratamento adequado, instabilidade ou compressão radicular definida).
2. Tratamento conservador (evidência)
Exercício terapêutico supervisionado: fortalecimento de core, treinamento de resistência, mobilidade e programas de recondicionamento têm bons resultados na redução da dor e na melhora funcional em pacientes com dor lombar degenerativa. Protocolos individualizados e supervisionados são preferíveis.
Educação e autogestão: explicação sobre condicionamento, posturas, ritmo de atividade e estratégias para manejo das crises reduz medo-evitação e melhora adesão.
Medicação para controle sintomático: analgésicos simples, AINEs e, quando indicado, medicamentos adjuvantes; uso deve ser orientado por profissional e por período limitado.
Terapias físicas complementares: terapia manual, terapia por tração, eletroterapia e terapia térmica podem ser usadas como adjunto, com benefícios variáveis e geralmente temporários; o núcleo do tratamento é o exercício.
Infiltrações: bloqueios radiculares ou injeção epidural de corticosteroide podem ser indicados para alívio de dor radicular de curta a média duração e para facilitar reabilitação; eficácia a médio prazo varia entre estudos.
3. Indicações e opções cirúrgicas
A cirurgia entra em cena quando há: dor radicular severa persistente com evidência imagem-correlacionada, déficit neurológico progressivo, instabilidade vertebral ou falha do tratamento conservador bem conduzido. Procedimentos comuns: discectomia descompressiva, laminectomia, artrodese (fusões) e, em casos selecionados, substituição discal (artroplastia). A escolha depende da anatomia, idade, necessidade funcional e expectativa do paciente. Resultados cirúrgicos variam — benefício mais evidente quando há compressão neural objetiva.
Papel da fisioterapia — recomendações práticas
Para o profissional e para o paciente, algumas diretrizes práticas:
Iniciar programa de exercícios graduais focados em estabilidade lombopélvica, extensor de coluna e força de membros inferiores; progredir conforme tolerância.
Incorporar treino de propriocepção, flexibilidade e mobilidade articular para reduzir dor e melhorar função.
Usar modalidades adjuvantes (crio/termoterapia, TENS) quando úteis para controle sintomático, sempre como complemento ao exercício.
Reavaliação periódica com ajustes do programa e comunicação com equipe médica (ex.: imagens de controle, reavaliação cirúrgica se houver piora neurológica).
Prognóstico e prevenção
Muitos pacientes melhoram com tratamento conservador e reabilitação adequada; contudo, alguns evoluem com dor crônica.
Prevenção e redução do risco incluem manter condicionamento físico, controle de peso, ergonomia postural, cessação do tabagismo e evitar sobrecarga repetitiva. A intervenção precoce em episódios de dor aumenta chances de recuperação funcional.
O que você deve fazer agora
Se você apresenta dor persistente na coluna, episódios de dor irradiada, perda de força ou limitação funcional, procure avaliação especializada. O primeiro passo é uma avaliação clínica completa com exame físico e, quando indicado, exames de imagem, seguida de um plano de reabilitação individualizado.
A Fisio Runner Brasil atua em reabilitação traumato-ortopédica e oferece avaliação funcional, programas de fisioterapia orientados por evidência e acompanhamento integrado com equipe médica para decisões sobre infiltração ou encaminhamento cirúrgico quando necessário.
Agende uma avaliação para receber um plano de tratamento individualizado, com metas claras de reabilitação e retorno às atividades.





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